sábado, 26 de julho de 2014

Um e-mail para o IBGM( Istinttudo brasileiro de gemas e metais) Sobre a exploração predatória das nossas gemas por estrangeiros..

Bom dia, antes de mais nada gostaria de agradecer pela oportunidade de diálogo. Trabalho com garimpo de cristais há 17 anos, e sempre tive nessa atividade, minha principal fonte de renda. Ultimamente venho dedicando algum  tempo à lapidação e à ourivesaria, que dia-a-dia vão tomando o tempo e o espaço do garimpo. Tenho constatado, nessa mudança de território, situações em que ao mesmo tempo se fazem presentes um descaso dos agentes públicos responsáveis por fiscalizar,fomentar e capacitar os diversos seguimentos da cadeia produtiva de gemas e atividades correlatas, e uma completa falta  de informação e capacitação de grande parte das pessoas ligadas à mineração, garimpo e comércio de pedras. Parece que há uma tremenda reciprocidade entre uma coisa e outra. Tudo está aparentemente funcionando bem, e ninguém quer se dar ao trabalho de bancar uma nova mentalidade que envolva quebra de paradigma. Me sinto dentro do próprio mito da caverna de Sócrates. Poderia se dizer que somos um pais com baixos níveis de educação, e que isso leva a uma falta de capacitação, que aliados a uma conjuntura econômica que mais atrapalha do que ajuda a criação de novos empreendimentos, tudo está onde deveria estar. Não é bem assim. Apesar de ensolarada para alguns, a realidade é sombria para outros. Nesse exato instante está ocorrendo debaixo de nossos narizes, ou melhor sob nossos pés, literalmente sob nossos pés, uma ação predatória sem precedentes de nossos mais preciosos  recursos minerais, inédita em quantidade e voracidade. Só comparável ao nosso famigerado ciclo do ouro colonial. O que mascara a intensidade dessa rapinagem de nossas gemas é o fato dela estar distribuída por nosso imenso território, e  pa capilaridade com com que a logistica dos chineses trabalha, digo chineses porque eles são a maioria, mas há indianos, europeus etc. ao dizer chineses englobo todos o gringos que levam nossas riquezas sem pagar o devido valor. São milhares de camionetes,pick-ups, e vários outros veículos que se prestem ao transporte de cargas. A serviço dessa verdadeira drenagem de nossos cristais e gemas.Caminhamos inexoravelmente para o exaurimento. São fatos e nada podemos contra o já ocorrido, mas é diferente com o que está ocorrendo. Temos que minimizar os efeitos da extensão territorial, aumentando o efetivo dos fiscais de fiscais principalmente. Primeiramente temos que entender como se dá o comércio de pedras brutas. Tomemos como exemplo a cidade de Curvelo MG. Todos sabemos que contâineres e mais contâineres abarrotados de cristais (nada impede que o mesmo se dê com outros materiais) deixam a cidade toda semana.Primeiro ponto: os garimpeiros dependem dos compradores brasileiros à serviço dos chineses, pois o mercado interno não é capaz de absorver toda a produção. É fato que sem a presença dos chineses a situação estaria pior. Segundo ponto: cristais comprados pelos chineses ou seus atravessadores por preços que variam de R$0,30 a R$2000,00 ou mais o kg, são embarcados conjuntamente, imagino que ninguém da aduana se prestará a conferir dezenas de centenas de sacos de cristal, para ver se em um mesmo saco há pedras de quartzo leitoso  que valem 1/2 centavo cada, ou se há pedras extras de 3, 4 kg com inclusões de rutilo, epidoto, pirita, lodo, agulha, cabelo etc, valem R$20.000 ou mais. Resumo da ópera, só o dono da carga saberá o que ele comprou, assim mesmo quando o contâiner for descarregado e conferido em Shangai ou outro porto qualquer, para serem lapidadas por escravos amarelos, verdadeiros autômatos de olhos puxados,em jornadas de 12 horas. Depois, grande parte dessas pedras já lapidadas, roladas, furadas, engastada aos milhares em peças de latão mal acabadas,megulhadas em banhos fajutos, retornarão para as 25 de março, oiapoques e bancas e barracas do 3º mundo afora. Outra parte será lapidada com esmero, manipulada com destreza e sofisticação tecnológica e digital de última geração,serão encrustradas em metais nobres e raros, nos mais surpreendentes designs, acomodados sobre sedas caríssimas,em finas vitrines bem iluminadas da Eurora, América e Ásia. De qualquer modo estamos perdendo, recursos em espécie e oportunidades de geração de emprego numa atividade que além de econômica é cultural. Esses chineses não são fáceis, temos que abrir os olhos com eles! Mesmo porque eles não têm compromisso social nenhum, sabem exatamente os danos sociais e ambientais que estão causando, e querem é ter o maior lucro possível no menor tempo possível, o resto que se f*, eles não me enganam, têm sim uma mentalidade imperialista, um ar superior e nenhuma ligação afetiva com quem quer que seja, falo de carteirinha, fui sócio de chineses por quase três anos.  Enquanto isso, nas terras mágicas dos garimpos, continua a pilhagem, futuramente só restarão buracos, veios improdutivos e pedras sintéticas à revelia. Acho mesmo que é uma situação irreverssível, pois onde todos os envolvidos concordam em manter tudo como está, nada muda. Apesar  desse estranho laissez-faire, tenho esperança que governo, sociedade e instituições como esta a quem me dirijo, possam elaborar planos de trabalho e participem da elaboração de políticas públicas que tenham por meta a capacitação técnica e tecnológica dos envolvidos nas atividades de garimpo, lapidação, joalheria e artesanato, bem como a expanção e conquista do mercado. A palavra mágica chama-se informação. A tarefa dos ocupantes de cargos administrativos responsáveis por profissionalizar e capacitar pessoas, é desatar o nó na qualidade da educação técnica e acabar com esse gargalo da informação que separa os escravos dos senhores. O pior é que os ocupantes desses cargos recebem para isso, são pagos para desatar o nó do acesso à educação técnica de qualidade e seu respectivo mercado de trabalho, eles são remunerados para eliminar o gargalo que separa os trabalhadores, da informação de que necessitam para se emanciparem. Todas as forças devem ser usadas para que o mercado interno cresça, e atinja um ponto próximo do equilíbrio entre produção e consumo. Desde que o grosso das receitas permanecem em território brasileiro, nada contra a exportação de commodities, eu disse exportação, não contrabando que é o que acontece hoje. A mídia será sempre o 4º poder, tendo-a como aliada podemos quase tudo. Só há um problema, não se pode ajudar a quem não quer ser ajudado. Se depois de mostradas todas as possibilidades e vantagens da educação, da capacitação, o sujeito ou a sujeita, ainda assim deixar se levar pela inércia ou coisa que o valha,  então ele ou ela será mesmo uma ovelha desgarrada, e servirá apenas de pasto para as feras. Independentemente disso as autoridades devem zelar pelas riquezas minerais desse pais, que como diz nossa Constituição são patrimônio da União e todos os brasileiros. Isto foi um desabafo de quem vê e ouve todos os dias pessoas se queixando de falta de emprego e oportunidas do mercado, mas ao mesmo tempo que se viram para o céu pedindo ajuda, deixam de olhar para o chão onde a oportunidade se esconde sob seus pés. Espero em breve fazer aguns cursos e conquistar meu espaço no mercado joalheiro, afinal já dizia o velho sempre novo Adam Smith,a melhor maneira de melhorar o mundo é melhorando minha vida. De novo obrigado ao IBGM pelo espaço, Juca Morais, Garimpeiro e Artesão.

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