Um local para encontro de ideias de hoje e de ontem sobre cristais e outras pedras, lapidação, joalheria, garimpo e artesanato.
domingo, 7 de setembro de 2014
sábado, 6 de setembro de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Kimberlito na Bahia
Uma mina de diamantes no Sertão da Bahia
Postado 20/05/2013
Na pequena Nordestina, de apenas 12,4
mil habitantes, encravada no meio do sertão baiano, a mineradora belga
Lipari se prepara para iniciar a exploração da primeira mina de
diamantes extraídos diretamente da rocha (fonte primária do mineral) na
América Latina.
A companhia, comandada pelo geólogo
canadense Kenneth Johnson, já aplicou R$ 60 milhões na unidade e planeja
aplicar mais R$ 30 milhões ao longo deste ano para acelerar as
pesquisas e iniciar a comercialização do minério já no fim de 2014. O
dinheiro que financiou toda essa operação saiu dos controladores da
Lipari – a companhia Aftergut & Zonen, da Bélgica, e o fundo
Favourite Company, de Hong Kong.
Ainda em fase de pesquisas, o geólogo
que coordena o trabalho da Lipari no sertão baiano, Christian
Schobbenhaus, afirmou ao Estado que estima em pouco mais de 2 milhões de
quilates de diamante a capacidade total das minas em Nordestina, que
fazem parte do projeto Braúna. Um quilate de diamante de rocha
kimberlítica é negociado, hoje, a cerca de US$ 310.
O kimberlito é uma rocha rara, que forma
o manto da terra. Chega à superfície após uma erupção vulcânica. Foi
nessas explosões, ocorridas há bilhões de anos, que o kimberlito trouxe
para próximo da superfície terrestre os diamantes.
Desde então, por meio da erosão natural
do solo, os diamantes podem se soltar e chegar até aluviões de rios,
onde são encontrados na maior parte das vezes.
Produção atual - O Brasil, até agora,
tem "produzido" diamantes dessa forma, tendo produção anual de 47 mil
quilates, estimada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), cerca de 0,04% de todo o diamante explorado no mundo. Agora,
apenas a produção de Nordestina deve multiplicar por cinco a oferta
nacional de diamantes, aumentando também o valor do minério, uma vez que
não é oriundo de aluviões, mas de fonte primária – da própria rocha.
Há apenas 20 minas de kimberlito em
atividade no mundo. O grupo de países do qual o Brasil vai fazer parte é
pequeno: as minas estão no Canadá, em países no sudoeste africano e na
Rússia. O bloco de rocha kimberlítica no qual está a pequena Nordestina
pertence ao cráton (bloco de rocha com mais de 1 bilhão de anos) do São
Francisco, que ficava junto ao cráton do Congo, na África, antes da
separação dos blocos em continentes.
Profundidade - Em Nordestina, o diamante
está a cerca de 3 quilômetros da superfície, e a pesquisa total da área
só deve ser concluída no fim do ano. Dada a complexidade da operação –
as máquinas que tiram os diamantes das rochas são importadas da África
do Sul e operadas por técnicos qualificados em mineração de diamantes –,
a comercialização do minério de Nordestina só deve começar no último
trimestre do ano que vem, ganhando força a partir de 2015. A Lipari
estima em sete anos a vida útil da mina na cidade.
Praticamente todo o diamante de
Nordestina será exportado para Dubai, Bélgica, Israel e Canadá, onde o
comércio do minério é concentrado e tradicional. Assim, a companhia
aposta que, até 2015, quando a produção estará a todo vapor, a
recuperação da economia mundial terá ficado mais consistente e, com
isso, os preços do diamante devem aumentar, puxados por uma demanda mais
firme.
"Para um geólogo, esta é uma
oportunidade inacreditável. Estamos trabalhando na primeira mina de
diamante oriundo diretamente do kimberlito de toda a história da América
Latina", disse Schobbenhaus, que mora em Nordestina desde 2010, quando
as pesquisas se intensificaram.
O governo da Bahia deve licenciar a
produção ainda neste ano, e o pedido de lavra feito pela Lipari ao DNPM
também deve ser concedido. Segundo o diretor de fiscalização do
departamento, Walter Lins Arcoverde, a mina da Lipari é "a confirmação
de que o Brasil tem, de fato, a primeira mina de diamante oriundo de
kimberlito na América Latina, e o segundo em todo o continente, atrás
apenas do Canadá, que é um dos maiores produtores do mundo". Até este
ano, apenas Brasil, Guiana e Venezuela produziam diamantes na região,
mas todos os minérios eram de fontes secundárias, isto é, de aluviões de
rios.
domingo, 27 de julho de 2014
Pedras irradiadas
Radiação gama torna quartzo brasileiro mais valioso
Quartzo extraído em São José da Safira (MG), torna-se a gema green-gold depois de ser irradiado com raios gama. [Imagem: Rainer Schultz-Güttler] |
O quartzo, mineral abundante em praticamente todo o território brasileiro, apresenta baixo valor comercial em seu estado bruto.
Quando submetido à irradiação, contudo, atinge um valor agregado médio cerca de 300% maior.
Estima-se que 70% da produção mundial de pedras preciosas tenha passado por tratamentos de beneficiamento.
Durante a irradiação, é gerado
um defeito na estrutura cristalina do mineral, ou seja, na maneira como
os átomos estão organizados na chamada rede atômica.
Esse "defeito benéfico" muda as
propriedades físicas e ópticas do cristal, fazendo com que ele passe a
absorver ou refletir outros comprimentos de onda da luz visível.
O resultado é que um cristal
absolutamente sem-graça passa a ter uma coloração límpida e reluzente,
muito mais valorizado no mercado joalheiro.
Quartzo irradiado
No Brasil, as pesquisas na área são feitas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Segundo Cyro Teiti Enokihara,
pesquisador do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN, da mina à
vitrine o caminho é longo, mas a tecnologia de irradiação está se
tornando um elemento fundamental no processo de beneficiamento do
quartzo brasileiro.
Os melhores resultados, segundo
Cyro, foram obtidos utilizando fontes de radiação gama, aplicadas em
amostras de quartzo de qualidade gemológica.
As melhores gemas
artificialmente coloridas já obtidas pelos pesquisadores são verde
amareladas, chamadas de green-gold, cor de mel (honey); cinza (fumê);
laranja amarronzado (conhaque); preto (morion) e verde.
Todas essas gemas apresentaram boa qualidade e alta estabilidade, o que as torna valiosas no mercado joalheiro.
Irradiação do quartzo
No IPEN, as pedras de quartzo
são colocadas em dispositivos onde são submetidas à radiação ionizante
proveniente de fontes de cobalto-60. O irradiador foi desenvolvido com
tecnologia nacional, sob a coordenação do professor Paulo Rella.
Mas não se trata unicamente de
colocar um quartzo qualquer no aparelho e esperar "assar uma gema". Tudo
depende da composição química do mineral.
Alguns tipos de quartzo respondem da maneira desejada, com a radiação otimizando ou alterando sua cor, mas outros não.
Testes prévios são realizados
para se detectar quais amostras podem ser submetidas ao tratamento. A
pedra pode conter impurezas como ferro, alumínio, lítio, potássio e
sódio, bem como moléculas de água e radicais hidroxila.
Além das impurezas presentes na
estrutura cristalina do material, deve ser levado em conta também o
ambiente geológico ou o local em que a pedra foi formada.
Sem radiação
O que a radiação faz é promover
um desequilíbrio eletrônico, com os elétrons das camadas mais externas
dos elementos sendo expelidos.
Como a radiação só interfere nos
elétrons, e não no núcleo do atómo, não são gerados radionuclídeos e,
portanto, o quartzo não se torna radioativo.
O tratamento apenas acelera o efeito que a natureza levaria milhares de anos para produzir.
Cyro afirma que parte
considerável das pedras extraídas no Brasil é enviada ao exterior, em
estado bruto, para países como Alemanha, Tailândia e China, onde passam
por um processo de beneficiamento e de lapidação, e posteriormente
retornam ao país em forma de joias, gerando enormes perdas econômicas
para o país.
O IPEN mantém contatos
permanentes com empresas de comercialização de pedras preciosas, com o
intuito de realizar testes de irradiação para os quartzos de diferentes
procedências e efetuar pesquisas para outros novos minerais.
Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br
Chineses invadem cidades da região Central de MG em busca de pedras semipreciosas...
Chineses invadem cidades da região Central de MG em busca de pedras semipreciosas
Pedras preciosas em estado bruto saem de
Minas com destino ao gigante asiático em contêineres com preço abaixo do
mercado. Em Curvelo e Corinto, negócio gera R$ 50 mi
Zulmira Furbino -
Publicação: 20/05/2012 07:52 Atualização: 20/05/2012 11:49
Curvelo – São 7h30 da manhã de terça-feira em Curvelo, na Região Central de Minas Gerais, e já se nota o início do carregamento de caminhões com contêineres cheios de pedras preciosas brutas que sairão do meio do estado em direção à indústria de joias na China. Somente em municípios mineiros como Corinto e Curvelo, a extração e venda clandestina de pedras movimenta mais de R$ 50 milhões ao ano, segundo cálculo a partir de informações da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto (Coopergac) e da Associação Comercial e Empresarial de Curvelo (Ace). Isso sem contar o faturamento em municípios como Inimutaba, Diamantina, Felixlândia, Governador Valadares, Teófilo Otoni e em pequenas cidades da região.
O número contrasta com a informação oficial
de exportação de pedras preciosas em bruto no estado. Em 2011, de
acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), as vendas externas desse material em toda a Minas
Gerais foram de US$ 23,06 milhões (R$ 46, 12 milhões), um total inferior
à estimativa de faturamento de apenas dois municípios mineiros. Entre
80% e 90% das pedras preciosas em bruto produzidas no Brasil são
exportadas, principalmente ao gigante asiático.
O dinheiro apurado no negócio é invisível aos olhos oficiais. É que 95% dele circula nas mãos de uma poderosa indústria clandestina, que começa no garimpo informal e segue comandada por atravessadores, compradores – hoje, chineses, em sua maioria –, despachantes e empresas de exportação. O silêncio ronda todos os agentes que, de uma ou de outra forma, participam do esquema. A reportagem do Estado de Minas procurou conversar com vários deles. A maioria se recusou a dar declarações sobre o assunto. Outros forneceram informações sob a condição de anonimato.
Segundo uma dessas fontes, a cada 20 dias, em média 12,5 contêineres carregados com 250 toneladas de pedras extraídas dessa região seguem de Curvelo para serem embarcadas no Rio de Janeiro. O mesmo acontece com dezenas de tambores cheios de material mais valioso, que viajam de avião. Tudo aparentemente certo, não fosse o fato de que as notas fiscais mostram valores subfaturados, o que permite que essas pedras sejam enviadas para fora a preços muito inferiores aos praticados pelo mercado. “Um dos caminhos do subfaturamento é a própria Receita Estadual. Os garimpeiros saem de lá com o documento nas mãos”, diz G.L.H, que atua no ramo.
“Qualquer empresário, de dentro ou de fora do país, só pode comprar pedras preciosas de mineradoras legalizadas ou de cooperativas de garimpeiros. Mas os números da nossa exportação são tão baixos que ou elas saem altamente subfaturadas ou são contrabandeadas”, diz Raymundo Vianna, presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). Curvelo é o centro mineiro dessa indústria fantasma. De lá partem minerais como quartzos e cristais variados (rutilo, cabelo fachado, lodo verde), ametistas e águas-marinhas, que enriquecem os integrantes da rede.
Esquema Para facilitar o caminho até as pedras, os chineses contam com empresas que oferecem a eles um pacote de serviços para localização, compra e desembaraço das pedras por cerca de R$ 13 mil. São R$ 3.500 de transporte de Curvelo ao porto, R$ 300 para o “chapa” (carregador), R$ 2.000 pelo frete marítimo e R$ 500 de imposto. Para cada contêiner, o lucro dos prestadores de serviço com o negócio é de cerca de R$ 7 mil. Ou seja: uma média de R$ 87,5 mil ao mês para cada 12,5 contêineres enviados ao exterior, segundo uma fonte que pediu anonimato.
“Em média, o total declarado para o conteúdo de cada contêiner é de US$ 6 mil (R$ 12 mil), mas o valor de fato pode ser US$ 100 mil (R$ 200 mil)”, diz uma fonte do setor. Ele lembra que o quartzo mais barato custa R$ 2 o quilo, mas, segundo Raymundo Vianna, o preço do quilo do quartzo muda de acordo com a variedade e a qualidade da pedra. “O quartzo rosa e o rutilado de boa qualidade custam entre R$ 8 mil e R$ 10 mil o quilo. Já a ametista e a rodonita, outras variedades, podem valer até R$ 30 mil o quilo. Porém é impossível estabelecer o valor da pedra sem a avaliação de um perito”, diz.
Segundo a Secretaria de Estado de Fazenda, há equipes especializadas para atuar na fiscalização do setor nas regiões onde a exploração de gemas é predominante. Além disso, o produtor individual pode emitir sua nota fiscal, mas um procedimento de retaguarda é adotado no caso de remessa de mercadoria para o exterior.
Chineses invadem o estado
A rota de interesse dos chineses pelas pedras preciosas brasileiras passa por municípios mineiros e também baianos. Em Minas, os principais são Curvelo, Corinto e Inimutaba. Na Bahia, Novo Horizonte, Ipupiara, Campo Formoso e Oliveira dos Brejinhos. Em Curvelo, profissionais que atuam com eles, mesmo sem formação superior, aprendem até a falar mandarim, ainda que com noções rudimentares. Com isso, têm rendimentos garantidos. Os pagamentos são todos feitos em dinheiro vivo. E adiantados. Entram nessa lista prestadores de serviço, restaurantes, hotéis, postos de gasolina, imobiliárias e lojas de aluguel de veículos. Todos extremamente satisfeitos.
“De coração, se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu”, diz um prestador de serviços que viu na chegada dos compradores da China a solução para ter renda. De acordo com ele, de 2006 para cá a presença de chineses na cidade cresceu 70%. “Só na Bahia tem dez famílias”, afirma. Em Curvelo, alguns vivem em hotéis baratos, de R$ 25 a R$ 70 a diária, outros alugam casas onde vivem por cerca de três meses, depois dos quais voltam para o seu país de origem e são substituídos por membros da família.
Em junho de 2010, a Polícia Federal apreendeu 700 quilos de pedras semipreciosas e cristal em Itacambira. Elas foram obtidas por meio da exploração ilegal por quatro chineses e dois brasileiros. As investigações indicaram a existência de um esquema de venda dos produtos para a China, que teria base em Curvelo, na Região Central do estado. Foram presos os chineses Wu Tsung Ying, Daí Yong Dong, Rayoin Huo e Shao Kang He, além do garimpeiro Adilson Mariano de Oliveira e Cláudio Afonso dos Santos, transportador e intermediário do negócio.
Os 700 quilos de cristal e pedras semipreciosas estavam sendo transportados em 18 sacos de linhagem na carroceria de um Fiat Strada e, de acordo com informações da Polícia Federal, foram vendidos para os chineses por R$ 15 mil. Os produtos minerais teriam sido retirados de garimpo no povoado de Machados, na zona rural de Bocaiúva, e seguiam para Itacambira, passando por uma estrada vicinal. A Polícia Militar de Itacambira fez a apreensão, depois de receber uma denúncia anônima. Dias antes, também no Norte de Minas, foi apreendida 1,2 tonelada de cristal de quartzo e 20 quilos de pedras semipreciosas, que saíram de Licínio de Almeida, no sertão da Bahia, e que seriam levados para Curvelo. Segundo a PF, os minérios extraídos na Bahia também teriam como destino a China.
"Se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu" - prestador de serviços aos chineses em Corinto, que pediu para não ser identificado.
Caminhos da pedra brasileira rumo à Ásia
Garimpo
É dos garimpos, a maioria deles clandestinos, que saem as pedras preciosas brutas que serão exportadas pelo estado
Subfaturamento
É esse um dos caminhos usados pelos produtores para "maquiar" a pedra bruta clandestina, tornando-a aparentemente legalizada
Venda
Uma vez feita a "maquiagem", as pedras são repassadas aos atravessadores, que vão vendê-las aos clientes estrangeiros
Desembaraço
Empresas especializadas desembaraçam a mercadoria, enviando-a para o Rio de Janeiro, de onde será exportada
China
As pedras chegam à indústria joalheira na China, a segunda maior do mundo, onde serão transformadas em joias, semijoias e bijuterias
Joias montadas (prontas)
Parte das joias e bijuterias entram novamente no Brasil, muitas vezes via contrabando, prejudicandoa indústria joalheira nacional
Zulmira Furbino -
Publicação: 20/05/2012 07:52 Atualização: 20/05/2012 11:49
Embarcadas em contêineres, em Curvelo, pedras semipreciosas vão em estado bruto para serem transformadas em joias na Ásia |
Curvelo – São 7h30 da manhã de terça-feira em Curvelo, na Região Central de Minas Gerais, e já se nota o início do carregamento de caminhões com contêineres cheios de pedras preciosas brutas que sairão do meio do estado em direção à indústria de joias na China. Somente em municípios mineiros como Corinto e Curvelo, a extração e venda clandestina de pedras movimenta mais de R$ 50 milhões ao ano, segundo cálculo a partir de informações da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto (Coopergac) e da Associação Comercial e Empresarial de Curvelo (Ace). Isso sem contar o faturamento em municípios como Inimutaba, Diamantina, Felixlândia, Governador Valadares, Teófilo Otoni e em pequenas cidades da região.
Saiba mais...
Garimpeiros estão sendo empurrados para a informalidade, diz presidente de cooperativa
O dinheiro apurado no negócio é invisível aos olhos oficiais. É que 95% dele circula nas mãos de uma poderosa indústria clandestina, que começa no garimpo informal e segue comandada por atravessadores, compradores – hoje, chineses, em sua maioria –, despachantes e empresas de exportação. O silêncio ronda todos os agentes que, de uma ou de outra forma, participam do esquema. A reportagem do Estado de Minas procurou conversar com vários deles. A maioria se recusou a dar declarações sobre o assunto. Outros forneceram informações sob a condição de anonimato.
Segundo uma dessas fontes, a cada 20 dias, em média 12,5 contêineres carregados com 250 toneladas de pedras extraídas dessa região seguem de Curvelo para serem embarcadas no Rio de Janeiro. O mesmo acontece com dezenas de tambores cheios de material mais valioso, que viajam de avião. Tudo aparentemente certo, não fosse o fato de que as notas fiscais mostram valores subfaturados, o que permite que essas pedras sejam enviadas para fora a preços muito inferiores aos praticados pelo mercado. “Um dos caminhos do subfaturamento é a própria Receita Estadual. Os garimpeiros saem de lá com o documento nas mãos”, diz G.L.H, que atua no ramo.
“Qualquer empresário, de dentro ou de fora do país, só pode comprar pedras preciosas de mineradoras legalizadas ou de cooperativas de garimpeiros. Mas os números da nossa exportação são tão baixos que ou elas saem altamente subfaturadas ou são contrabandeadas”, diz Raymundo Vianna, presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). Curvelo é o centro mineiro dessa indústria fantasma. De lá partem minerais como quartzos e cristais variados (rutilo, cabelo fachado, lodo verde), ametistas e águas-marinhas, que enriquecem os integrantes da rede.
Valor declarado para os cristais fica abaixo do que é cobrado para venda no mercado interno |
Esquema Para facilitar o caminho até as pedras, os chineses contam com empresas que oferecem a eles um pacote de serviços para localização, compra e desembaraço das pedras por cerca de R$ 13 mil. São R$ 3.500 de transporte de Curvelo ao porto, R$ 300 para o “chapa” (carregador), R$ 2.000 pelo frete marítimo e R$ 500 de imposto. Para cada contêiner, o lucro dos prestadores de serviço com o negócio é de cerca de R$ 7 mil. Ou seja: uma média de R$ 87,5 mil ao mês para cada 12,5 contêineres enviados ao exterior, segundo uma fonte que pediu anonimato.
“Em média, o total declarado para o conteúdo de cada contêiner é de US$ 6 mil (R$ 12 mil), mas o valor de fato pode ser US$ 100 mil (R$ 200 mil)”, diz uma fonte do setor. Ele lembra que o quartzo mais barato custa R$ 2 o quilo, mas, segundo Raymundo Vianna, o preço do quilo do quartzo muda de acordo com a variedade e a qualidade da pedra. “O quartzo rosa e o rutilado de boa qualidade custam entre R$ 8 mil e R$ 10 mil o quilo. Já a ametista e a rodonita, outras variedades, podem valer até R$ 30 mil o quilo. Porém é impossível estabelecer o valor da pedra sem a avaliação de um perito”, diz.
Segundo a Secretaria de Estado de Fazenda, há equipes especializadas para atuar na fiscalização do setor nas regiões onde a exploração de gemas é predominante. Além disso, o produtor individual pode emitir sua nota fiscal, mas um procedimento de retaguarda é adotado no caso de remessa de mercadoria para o exterior.
Chineses invadem o estado
A rota de interesse dos chineses pelas pedras preciosas brasileiras passa por municípios mineiros e também baianos. Em Minas, os principais são Curvelo, Corinto e Inimutaba. Na Bahia, Novo Horizonte, Ipupiara, Campo Formoso e Oliveira dos Brejinhos. Em Curvelo, profissionais que atuam com eles, mesmo sem formação superior, aprendem até a falar mandarim, ainda que com noções rudimentares. Com isso, têm rendimentos garantidos. Os pagamentos são todos feitos em dinheiro vivo. E adiantados. Entram nessa lista prestadores de serviço, restaurantes, hotéis, postos de gasolina, imobiliárias e lojas de aluguel de veículos. Todos extremamente satisfeitos.
“De coração, se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu”, diz um prestador de serviços que viu na chegada dos compradores da China a solução para ter renda. De acordo com ele, de 2006 para cá a presença de chineses na cidade cresceu 70%. “Só na Bahia tem dez famílias”, afirma. Em Curvelo, alguns vivem em hotéis baratos, de R$ 25 a R$ 70 a diária, outros alugam casas onde vivem por cerca de três meses, depois dos quais voltam para o seu país de origem e são substituídos por membros da família.
Em junho de 2010, a Polícia Federal apreendeu 700 quilos de pedras semipreciosas e cristal em Itacambira. Elas foram obtidas por meio da exploração ilegal por quatro chineses e dois brasileiros. As investigações indicaram a existência de um esquema de venda dos produtos para a China, que teria base em Curvelo, na Região Central do estado. Foram presos os chineses Wu Tsung Ying, Daí Yong Dong, Rayoin Huo e Shao Kang He, além do garimpeiro Adilson Mariano de Oliveira e Cláudio Afonso dos Santos, transportador e intermediário do negócio.
Os 700 quilos de cristal e pedras semipreciosas estavam sendo transportados em 18 sacos de linhagem na carroceria de um Fiat Strada e, de acordo com informações da Polícia Federal, foram vendidos para os chineses por R$ 15 mil. Os produtos minerais teriam sido retirados de garimpo no povoado de Machados, na zona rural de Bocaiúva, e seguiam para Itacambira, passando por uma estrada vicinal. A Polícia Militar de Itacambira fez a apreensão, depois de receber uma denúncia anônima. Dias antes, também no Norte de Minas, foi apreendida 1,2 tonelada de cristal de quartzo e 20 quilos de pedras semipreciosas, que saíram de Licínio de Almeida, no sertão da Bahia, e que seriam levados para Curvelo. Segundo a PF, os minérios extraídos na Bahia também teriam como destino a China.
"Se for para prejudicar os chineses não faça essa matéria. Eles pararam de comprar pedras por quatro meses por causa do preço e do ano novo chinês e Curvelo inteira sentiu" - prestador de serviços aos chineses em Corinto, que pediu para não ser identificado.
Caminhos da pedra brasileira rumo à Ásia
Garimpo
É dos garimpos, a maioria deles clandestinos, que saem as pedras preciosas brutas que serão exportadas pelo estado
Subfaturamento
É esse um dos caminhos usados pelos produtores para "maquiar" a pedra bruta clandestina, tornando-a aparentemente legalizada
Venda
Uma vez feita a "maquiagem", as pedras são repassadas aos atravessadores, que vão vendê-las aos clientes estrangeiros
Desembaraço
Empresas especializadas desembaraçam a mercadoria, enviando-a para o Rio de Janeiro, de onde será exportada
China
As pedras chegam à indústria joalheira na China, a segunda maior do mundo, onde serão transformadas em joias, semijoias e bijuterias
Joias montadas (prontas)
Parte das joias e bijuterias entram novamente no Brasil, muitas vezes via contrabando, prejudicandoa indústria joalheira nacional
Os cristais Vogel
“O
cristal é um objeto neutro, cuja estrutura interna apresenta um
estado cristalino de perfeição e equilíbrio. Quando é cortado com
precisão numa forma geométrica apropriada e quando a mente humana
entra em relacionamento com sua perfeição estrutural, na vibração do
amor, o cristal emite uma vibração que estende e amplifica o poder e
o alcance da mente do usuário. Como um laser, ele irradia energia de
uma forma coerente e altamente concentrada, e esta energia
extremamente benéfica pode ser transmitida para objetos ou pessoas à
vontade. Isto eu sei que é verdade.”
Dr.
Marcel VogelMarcel Joseph Vogel (1917-1991) foi um cientista que trabalhou na IBM San Jose Research Center por 27 anos. Ele é muitas vezes referido como o Dr. Vogel, embora este título seja baseado em um grau honorário , e não um Ph.D. . Ele também era um pesquisador em teorias ocultas de cristais de quartzo e outras áreas esotéricas de estudo. O tipo de corte de cristal Vogel foi criado por ele, que, alegadamente, concentra " força vital universal ", concentrando-a e transformando-a para um nível superior ou vibração. Cristais Vogel devem ser cortados no ângulo extremamente preciso de 51 graus 51 minutos e 51 segundos, o que também é reivindicada como o ângulo preciso dos lados da Grande Pirâmide de Gizé . O cristal é mais projetado ao longo da geometria da Árvore da Vida símbolo. Seu design é dito ter vindo a ele em um sonho.
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