Contrabando de diamantes.
Como funciona o esquema:
Um cartel montado por grandes negociantes controla com
a seguinte estrutura a cotação da pedra:
1 - As pedras brutas de diamantes de pouco valor são
negociadas em lotes, e as raras, por unidade.
2 - Há a figura do comprador, que tem diferentes designações
dependendo da região de garimpo: capangueiro, em Minas Gerais, picareta, em
Rondônia, e corretor, no Paraná. Seu principal requisito é ter "olho
bom", ou seja, saber avaliar uma pedra. Ele é ligado a um comprador
regional, por sua vez vinculado a um dos cinco integrantes do cartel,
conectados aos grandes compradores do Exterior.
3 - Sempre que um garimpeiro descobre uma pedra rara,
procura o capangueiro. Fechado o negócio, as duas partes lacram o diamante -
enrolando-o em um papel preso com fita adesiva. O capangueiro dá uma quantia em
dinheiro como sinal e ganha 72 horas para pagar o restante. Se não o fizer,
perde a quantia dada com sinal.
4 - Se a pedra for rara e valiosa e não houver acerto entre
o capangueiro e o garimpeiro, o diamante é "queimado" pelo cartel, em
uma operação simples: os compradores combinam entre si um preço, geralmente
abaixo daquele oferecido inicialmente pelo capangueiro, espalham a notícia de
que o garimpeiro rompeu um diamante lacrado. Com isso, atiram sobre o vendedor
a desconfiança. Como se trata de um negócio em que a palavra é o único
documento, encurralam o garimpeiro e acabam comprado a mercadoria pelo preço
que estipularam.
5 - A moeda usada na compra do diamante é o dólar. Não são
aceitas ordens de pagamento nem quaisquer outros títulos que não sejam
dinheiro. Concretizada a transação, um homem conhecido como "contador"
entrega os dólares e pega a pedra lacrada.
6 - O comprador internacional é o que mais lucra no negócio.
Veja no gráfico quanto cada personagem da cadeia produtiva abocanhou do preço
que uma pedra rara alcançou depois de lapidada:
- Garimpeiro: 5%
- Capangueiro: 3%
- Comprador regional: 12%
- Membro do cartel: 20%
- Comprador internacional: 60%